domingo, 26 de abril de 2009

Encontro 25/04/2009



Iniciamos o encontro do dia 25/04, coordenado pela Rosana Rosolém, com a presença de uma nova participante; Maria da Graça que é Supervisora da prefeitura de Campinas. Em seguida assistimos ao filme "Pro Dia Nascer Feliz".  Ao final, lemos a entrevista concedida por Valéria ao GdS:










Entrevista com Valéria

 Vanessa - Primeiro gostaria de agradecer, em nome de todo Grupo de Sábado, você ter aceitado este convite. Como já contei para você, no grupo estamos discutindo o tema “Diversidade e Currículo”. No próximo encontro vamos assistir ao documentário “Pro Dia Nascer Feliz”. E a idéia de enviar estas perguntas veio do fato de que você representa um caso emblemático para pensarmos a diversidade na escola.                      

Vanessa - Eu tenho uma curiosidade - como você encontrou a literatura? Foi na escola? Alguém teve um papel especial neste encontro? Caso tenha sido na escola este encontro com a literatura, observamos também que a escola a excluiu pelo fato de ser diferente de seus colegas que não tinham tanto interesse na literatura e na escrita. Gostaria que você falasse um pouco sobre a importância da escola ter ampliado seu repertório cultural, e, entretanto não ter conseguido lidar com esta ampliação.

Valéria - Meu encontro com a literatura foi de fato na escola, na verdade eu sempre fui muito inquieta e na sala de aula não era diferente. Os professores não sabiam como lidar com o meu comportamento diante dos demais, eu não prestava atenção nas aulas e sempre levantava algum questionamento. Nos corredores e pátio da escola eu vivia chamando atenção de algum modo e por esse motivo a diretora me colocava de castigo. Deixavam-me numa sala sozinha e como eu passava horas e horas por lá, comecei a folhear os livros que havia numa prateleira. A partir daí começou meu interesse pela leitura. A escola na verdade teve que se adaptar a minha forma de ver o mundo, passei a escrever poesia e a organizar festivais dentro da escola, era muito complicado sensibilizar os professores e outros alunos para inovar a metodologia de ensino. Eles não entendiam por que aquilo poderia ser tão importante, na verdade não estavam dispostos e nem preparados para o novo. Eu comecei então a conter meu desejo de mudança, me sentia sozinha mesmo estando no meio de toda aquela gente que eu conhecia desde sempre. O fato da escola não ter ampliado seu horizonte está diretamente ligado ao fato de carregarmos o estigma de que pobre não precisa ampliar conhecimento, pobre não gosta de ler e, portanto não pode ampliar sua visão de mundo. Todo o contexto escolar era favorável á esse tipo de conceito por que não havia biblioteca, nem laboratório de informática, os recursos que havia eram o quadro e o giz.

 Vanessa - E como você vislumbra uma escola que valorizasse seu potencial de escrita?

Valéria - Acredito que a escola precisa repensar sua metodologia, não dá pra imaginar uma escola em pleno século xxI sem recursos que propiciam o desenvolvimento pleno do aluno. Acho que a escola ainda funciona num molde arcaico, a função que ela exerce é de ensinar o aluno a ler e a escrever, ela está preocupada em escolarizar quando na verdade ela deve EDUCAR. É preciso aproveitar o potencial que cada aluno trás consigo, envolver outras manifestações artísticas para dinamizar os conteúdos á serem trabalhados. A escola deve acompanhar a velocidade pela qual as coisas acontecem e se transformam, por que o mundo além dos muros da escola é muito mais atrativo.

 Valéria - Você ainda gosta de escrever? Espero que sim. Sem querer abusar, mas já abusando. Caso sinta-se à vontade, gostaria que você escrevesse algumas palavras da maneira que você quiser sobre:

Escola

Professores

Diversidade

Família

Manari

Valéria - A escola foi o espaço onde eu aprendi embora de maneira árdua a me descobrir enquanto ser humano.Opções de postagem

Os professores foram os heróis que aprendi a admirar, por que havia uma luta diária que era travada por eles contra um sistema complexo e muito perverso. Eles eram apontados como culpados, quando na verdade não passavam de vítimas.

 Diversidade: é a palavra que define o valor real de nossa existência, é o que nos faz acreditar que só existe sentido para as coisas que são diferentes e que nos completa de algum modo. Diversidade é isso que nos faz reconhecer outras formas de cultura, expressão de arte, beleza, é justamente o motivo pelo qual somos instigados a pensar, a questionar sobre as outras pessoas e situações, a aceitar e principalmente respeitar toda e qual quer forma expressão humana.

 Minha família é meu chão, minha base, o motivo pelo qual eu continuei nessa caminhada apesar de tanta adversidade. Meus pais foram às pessoas que me deram apoio incondicional mesmo não entendendo absolutamente nada de tudo aquilo que eu dizia e idealizava. Eles abriram mão de minha companhia para deixar ir à busca dos meus sonhos, deixaram uma filha de 13 anos liderar o fórum municipal da cidade, viajar por semanas participando de congressos sobre educação, fazer cursos em outras cidades, reivindicar condições mais adequadas para o transporte dos alunos. Às vezes eu sentia que eles só queriam ter uma filha normal. 

Manari: Bom, este foi o cenário que abrigou meus sonhos e que me fez sair do casulo e voar para além das impossibilidades. È o cantinho onde descobri as coisas mais fantásticas da minha existência, onde conheci as pessoas mais importantes. Manarí é o lugar que um dia vai ser conhecido mundialmente como a cidade das pessoas que deram á volta por cima, que vai ter escolas com ensino de qualidade e onde as pessoas vão poder ler á qualquer hora da vida.

      Rosana prosseguiu a coordenação do encontro relatando sua experiência em educação não formal. Em seguida, houve um debate acerca das ações das empresas que desenvolvem projetos educativos. 

Ao final do encontro combinamos o calendário para o dia 09/05:

- Discussão e Leitura do Primeiro Capítulo do Livro "O ensino de matemática hoje" 

- Experiência de sala de aula "Sólidos Geométricos" (Edilaine)

Coordenação: Roberto Barbutti